Artesanal pode ser caracterizado por inúmeras formas e definições, seja porque é feito por um artesão, usando as mãos, seja porque esse artesão participa de toda a produção com um mínimo de equipamentos, seja porque a produção é de pequena escala ou até porque é apenas a família que trabalha.
Isso tende a gerar inúmeras, imensas e infindáveis discursões sobre o assunto. Até porque tem-se o conceito que por ser considerado artesanal, tem boa qualidade e sendo considerado industrial, a qualidade é discutível pois agrega automatização, menor participação humana e elementos não naturais em determinados casos.
Quando falamos de alimentos e mais especificamente do vinho, esse “confronto” pode ser mais acirrado.
Tendemos a crer que o vinho do pequeno produtor, sempre terá qualidade superior ao industrial. O que, como boa parte das “coisas da vida” é muito relativo. Afinal, pouquíssimos são aqueles que produzem qualquer coisa por mero diletantismo, todo mundo quer ter lucro e crescer. Assim sendo, ao conquistar um crescimento, é quase certo que os meios de produção começaram a se sofisticar, bem como os elementos utilizados na mistura para minimizar perdas e manter a qualidade, sem contar que quanto maior a produção, maior a necessidade de mão-de-obra e assim a tendência de perder características familiares. Por outro lado, analisando sob esse aspecto, não se pode dizer que uma grande empresa que empregue uma grande escala de parente próximos ou menos próximos não pode ser considerada familiar e nem por isso tenha pequena produção. Como seria classificado o vinho?
Ainda há a análise se é ou não produtor de uvas, se usa técnicas como a maceração com os pés ou com máquinas, e mais inúmeros conceitos ou até preconceitos que como foi dito no início, são discussões intermináveis.
E, vamos deixar claro, não é questão de defender um lado ou outro. A crença aqui defendida é que seja artesanal ou industrial vão sempre existir produtos de sofríveis a excelentes em ambos os lados. Irão existir falhas, defeitos, qualidades e virtudes. Ambos, claro, tem que ter compromisso com a legislação e com o consumidor.
E se nossa análise começar a tender para as especificidades dos produtos, no caso dos vinhos, aromas, sabor, taninos, dentre outras características, não estaremos mais falando de artesanal ou industrial, mas sim de uma produção de grande escala ou diferenciado.
O que nos levaria, no caso do diferenciado, a uma outra conceituação que é o vinho de autor. Que traduz a busca por um vinho mais complexo e cheio de especificidades.
Mas isso é para outra discussão e no final o que importa mesmo é que o vinho tenha qualidade e que seja do nosso agrado. Creio que boa parte de nós conhece vinhos dos dois lados que merecem milhões de elogios e outros que nem tanto. Enfim, não nos deixemos levar por meras intitulações, conceitos ou preconceitos, vinho, é vinho, é alegria, é compartilhamento, é viver.
Por isso, se nos satisfaz, que venha a próxima taça, e, brindemos.