A Princesa Persa

05 de julho de 2022



Nas “andanças” sobre o mundo do vinho, entre leituras, pesquisas e conversas, foi ficando cada vez mais complicado separar o vinho da história da humanidade já que ele vem participando de grande parte ou quem sabe da maioria dela.
E são esplêndidas as interseções que acontecem nessa “estrada” e que se misturam e nos fazem pensar e nos aprofundar em inúmeros assuntos e aspectos.
Existem teorias que dizem que as primeiras entidades cultuadas como Deuses foram mulheres. A mitologia nórdica e suas Deusas são um elemento comprobatório dessa tese. Foram “trocadas” por Deuses masculinos com o surgimento das guerras, pois precisavam da simbologia de masculinidade e força.
Embora em outras mitologias os Deuses masculinos tornam-se elementos de destaques, as mulheres ainda mantinham seus lugares e poderes.
Voltando ao mundo de que trata esse texto, vamos à cerveja. Eram as mulheres que preparavam as receitas nos primórdios tempos e por essa causa a isso a bebida alcóolica mais consumida do mundo tem uma Deusa, Ninkasi. A Deusa Suméria da Cerveja.

Descoberta há cerca de 8 mil anos, a cerveja para os antigos era uma criação divina, mais precisamente de Ninkasi. Além dela, outra entidade antiga relacionada à cerveja é Ceres. Na mitologia greco-romana, ela é a deusa da agricultura e dos grãos e, por isso mesmo, da cerveja.
E ainda temos a Santa Hildegarda de Bingen. A freira alemã é considerada uma das grandes responsáveis pelo lúpulo ser um elemento fundamental da cerveja. Foi ela a primeira pessoa a sugerir o uso da planta na bebida, por suas propriedades conservantes.
E embora nas mitologias grega e romana, tem-se Dioniso e Baco como Deuses do vinho, existe uma história, fábula ou lenda, difícil definir, que surgiu na Pérsia Antiga, onde hoje é o Irã, e foi disseminada ao longo do tempo e ainda o é até hoje.
Lá pelos idos de 7.500/5.000 anos a.C., quando da descoberta do vinho, uma princesa, mais uma vez uma mulher, teria perdido a estima do rei Jamshid (ou Jamsheed), e sentiu-se extremamente mal e triste, e, não vendo como melhorar e se curar dos sentimentos ruins, optou pelo suicídio. E para tal escolheu o envenenamento por um suco de uvas “estragado” que tinha sido encontrado pelo rei em um jarro onde tinham uvas partidas e que borbulhavam, e que sua majestade havia proibido de ser consumido.
Ela ingeriu, não morreu e essa desobediência apesar de deixá-la meio sonolenta, lhe deu um humor bem melhorado. Assim, aquelas uvas fermentadas deixam de ser consideradas veneno e se tornam um “alimento” aliado e poderoso. Além de, é claro, a princesa recuperar todo prestígio com o rei.

Bibliografia:

Bardo de Baco (https://contraeverso.com.br/)

Famiglia Valduga (https://blog.famigliavalduga.com.br/)

Revista Adega (https://revistaadega.uol.com.br/)